quarta-feira, 30 de julho de 2008

VIVER A ESPERANÇA

Não, não significa agarrar-nos à ilusão como a uma tábua quando sentimos que estamos a naufragar. Viver a esperança significa acreditar na vida e nas suas possibilidades.Neste momento os portadores do HIV têm alguns motivos para festejar.
Primeiro a doença, segundo relatório da ONU recentemente publicado, regrediu no que se refere a novos casos, quer em Portugal, quer no mundo. São progressos lentos mas não deixam de ser progressos que atestam que algo está a ser feito ao nível da prevenção.
Depois temos outra boa notícia, esta a nível nacional, com a bancada parlamentar socialista a anunciar que irá estudar uma proposta do BE com vista a eliminar toda e qualquer discriminação social dos portadores de HIV sobretudo no sector público onde, naturalmente, o Estado poderá intervir com mais propriedade.
Porém, e estou em crer, que se o sector público tiver uma postura mais vanguardista sobre os mecanismos de discriminação, essa postura entrará no sector privado e, nomeadamente, abrangerá as companhias de seguros e o sector bancário que se têm mostrado renitentes em relação ao estabelecimento de seguros ou contratos de empréstimos destinados à habitação.Bem, mas as boas notícias não acabam aqui.
Também ontem tomei conhecimento, no Portugal Diário, que dentro de uma a duas semanas vai poder ser administrado em Portugal, aos doentes com VIH/SIDA, o Raltegarvir, um novo medicamento cujos testes indicam que reduz o vírus a níveis quase indetectáveis.
O fármaco aprovado pelo INFARMED no passado dia 23, baixa a carga viral para valores muito baixos, em 90 por cento dos casos quando tomado ao longo de 48 semanas, segundo estudos realizados em vários países.Segundo o médico especialista em HIV/SIDA, Eugénio Teófilo, que tem acompanhado os ensaios realizados, noutros países, com o medicamento, o Raltegravir, além de baixar o vírus para valores residuais e quase indetectáveis, terá ainda a vantagem de ter poucos efeitos tóxicos.
O medicamento que terá que ser administrado com outros fármacos, tal como já acontece com outros retrovirais, só estará disponível nas farmácias dos hospitais e terá um custo mensal por doente de 850 euros, correspondente a uma caixa com 60 comprimidos.
As autoridades de saúde estimam em dez mil os portadores de HIV/Sida que recebem tratamento médico para infecção mas admite-se que este número seja superior na medida em que se estima haver, em Portugal, cerca de 50.000 portadores de HIV se bem que apenas 32.500 estejam sinalizados.
Como leiga que sou na matéria, e não querendo lançar foguetes antes da festa pela felicidade que sinto pelos meus amigos, apressei-me a escrever a notícia e vou esperar prudentemente pelas reacções dos entendidos.
À primeira vista preocupou-me de sobremaneira o preço do medicamento. Será que todos vão ter acesso?
Texto publidado pela Lídia do Silêncio Culpado no blogue SIDADANIA - http://sidadania.blogspot.com/